Formar para a emancipação no capitalismo tardio periférico: horizonte utópico de regulação da educação ou propedêutica revolucionária concreta?

Resumo

A partir das provocações de Educação e emancipação (ADORNO, 2000), este artigo problematiza a demanda pela tematização de relações possíveis entre as noções de emancipação e Bildung. Adorno aborda as determinações radicalmente alienantes da história ocidental, tanto no mundo feudal, governado por instâncias transcendentais, quanto no mundo capitalista, regido pela hegemonia da razão instrumental. A formação emancipatória constitui-se, concomitantemente, como horizonte concreto de regulação do sistema educacional, cujo telos é a promoção da maioridade e da autonomia, e como propedêutica revolucionária, a partir do debate sistemático acerca das contradições estruturais do capitalismo e das condições objetivas e subjetivas para o processo revolucionário. Sustenta-se a hipótese de que ainda é atual e profícuo o investimento teórico na constante reelaboração do conceito de Bildung, entendido como formação crítico-negativa, cujo escopo é implementar e consolidar a justiça social, o que significa eliminar da sociedade todo tipo de exploração que oprime e promover o máximo possível de liberdade, a partir das potências de perfectibilidade inscritas nos processos de humanização. Portanto, ainda que haja na atualidade pensadores para os quais a aquisição de conhecimento está cada vez mais distante da ideia de formação do espírito, o debate estabelecido aqui nos leva a assumir uma posição contrária. Entendemos que a questão da Bildung, da formação cultural, do cultivo de si, da constituição imanente da subjetividade não é algo de que indivíduos e sociedades possam abdicar, assim como não é um problema que venha a chegar a termo, numa solução definitiva.

Palavras-chave: Educação. Emancipação. Bildung. Capitalismo periférico. Propedêutica revolucionária.

Biografia do Autor

Adolfo Miranda Oleare, Ifes/Ufes

Professor de Filosofia do Instituto Federal do Espírito Santo Campus Vitória. Doutorando em Educação no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo. Mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Espírito Santo (2011) e mestre em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (2006). Pela mesma IES, especialista em Filosofia (2004); licenciado em Filosofia (2010) e bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo (1994). No campus Linhares do Instituto Federal do Espírito Santo, a partir de 2013, iniciou a atuação em projetos de extensão universitária, a partir de parcerias com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), o Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra, o Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos do ES, a Associação de Moradores do Bairro Aviso (AMBAV), entre outros movimentos sociais dedicados às pautas de classe, raça e gênero e às lutas por igualdade de direitos. A partir de 2017, sua atividade extensionista se ampliou no Ifes Campus Vitória, com a criação do Fórum de Movimentos Populares, Direitos Humanos e Cidadania Emancipatória, cadastrado em 2018 como Programa de Extensão.

Robson Loureiro, Universidade Federal do Espírito Santo

Professor Associado da Universidade Federal do Espírito Santo. Pós-doutorado em Filosofia - School of Philosophy da University College Dublin (Irlanda), sob a supervisão do professor Brian O'Connor (2013-2014) - bolsa Capes. Estágio de Capacitação em Filosofia (Teoria Crítica) sob supervisão do professor Dr. Christoph Türcke (Hochscule für Grafik und Buchkunst - HGB, Leipzig, Alemanha - 2018/2). Doutor em Educação (História e Política) pelo PPGE / UFSC - Brasil (Bolsa Capes). Doutorado Sandwiche (2003-2004) na School of Education e do Department of German da University of Nottingham (Inglaterra, Reino Unido - Bolsa Capes). Mestre em Filosofia da Educação (PPGE / Unimep / SP - Bolsa Capes); Graduado em Filosofia (CCHN / Ufes). Professor em tempo integral (DE) no Centro de Educação (Departamento de Educação, Política e Sociedade - Deos/ Ufes). Integra o corpo docente da Linha de Pesquisa Educação e Linguagens do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE / CE / Ufes) e da Linha de Pesquisa Literatura: Alteridade e Sociedade, do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL/Ufes). Áreas de interesse: Humanidades - literatura, cinema, música, teatro, artes plásticas articuladas à Filosofia (ética, estética, filosofia da ciência), Tecnologia, Psicanálise e Educação em diálogo com a Teoria Crítica da Sociedade. Livros organizados: "A Teoria Crítica volta ao cinema" (Edufes, 2018), "A teoria crítica vai ao cinema" (Edufes, 2010). Co-autor de: "Indústria cultural e educação nos 'tempos pós-modernos' (Papirus, 2003)". Coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação, Filosofia e Linguagens do Centro de Educação da Ufes (Nepefil / CE / Ufes). Tel: (27) 40092534/2549 (PPGE / Ufes). E-mail: robbsonn@uol.com.br;robson.loureiro@ufes.br; robsonloureiro.ufes@uol.com.br. Nepefil na Web: http: //nepefil.ufes.br

Publicado
2021-12-17
Como Citar
MIRANDA OLEARE, A.; LOUREIRO, R. Formar para a emancipação no capitalismo tardio periférico: horizonte utópico de regulação da educação ou propedêutica revolucionária concreta?. CADERNOS DE PESQUISA: PENSAMENTO EDUCACIONAL, v. 16, n. 44, p. 15-41, 17 dez. 2021.