Educação Filosófica: Entre a Redução às Metodologias Procedimentais, os Limites da Institucionalização e a Razão Instituinte

  • Valéria Arias Universidade Federal do Paraná
  • Geraldo Balduíno Horn Universidade Federal do Paraná

Resumo

Este artigo procura explicitar os limites e possibilidades da institucionalização da educação filosófica considerando o modus operandi hegemônico de seu ensino na atualidade. Mostra a necessidade de, por um lado, superar as concepções metodológicas de ensino marcadas por práticas didáticopedagógicas de caráter essencialmente instrumentalista e, por outro, fundamentar o método da educação filosófica no horizonte mesmo da filosofia. Os desdobramentos da investigação cingem-se de uma dimensão crítica radical, posto que o significativo abandono do exercício interrogante e a consequente capitulação da razão, potencialmente instituinte, em favor da reprodução de conceitos e formulações consagradas, têm caracterizado muitas das produções sobre a educação filosófica. Consubstancia a reflexão, além da experiência acumulada dos autores, o que confere à proposição o aporte práxico, os categoriais de análise de autores ligados à tradição marxista, sobretudo Agnes Heller, Georg Lukács e Antonio Gramsci. Nesta investigação, que é também, um discurso propositivo, realizam-se os primeiros movimentos de um exercício de explicitação pela via ontológica, do problema do método filosófico para a educação filosófica e para o ensino de filosofia.

Biografia do Autor

Valéria Arias, Universidade Federal do Paraná
Professora militante, radicalmente crítica às contrarreformas em curso no Brasil. Acredita na mobilização autoconsciente da classe trabalhadora e na razão pública como instrumentos capazes de superar o sistema-mundo do capital. Graduada em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e mestra em Educação pela Universidade Federal do Paraná -UFPR. Atualmente é docente de Filosofia e de História no Colégio Estadual do Paraná e Coordenadora Adjunta do Núcleo de Estudos sobre o Ensino de Filosofia- UFPR. Atuou como técnica pedagógica da disciplina de Filosofia, como assessora de políticas educacionais e como Coordenadora Pedagógica no Departamento de Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação - SEED - Paraná. Tem experiência em planejamento, gestão e financiamento de políticas educacionais e formação de professores. Membro do Instituto de Filosofia da Libertação-IFIL.
Geraldo Balduíno Horn, Universidade Federal do Paraná
Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (1985), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Paraná (1995) e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (FEUSP-2002). Pós-doutorado em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria (2015-2016) com ênfase na Educação Filosófica. Realizou pesquisas sobre os livros didáticos de Filosofia na Biblioteca do Georg Eckert Institut, de Braunschweig - Alemanha (2016). Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Ensino de Filosofia (desde 1999); Membro Titular do Setor de Educação no CEPE/UFPR (2005-2006). Professor de Metodologia e Prática de Ensino de Filosofia, do curso de Filosofia da UFPR. Professor da linha de pesquisa Cultura, Escola e Ensino, do curso de Pós-Graduação em Mestrado e Doutorado em Educação da UFPR. Membro do Conselho Editorial da Editora Unijuí. Coordenador da Coleção Cultura, Escola e Ensino pela Editora Unijuí. Coordenador da Coleção Biblioteca de Filosofia e Educação Filosófica da Editora Juruá. Possui experiência na área de Ciências Humanas como professor de História e Filosofia do Ensino Fundamental e Médio (1986-1995). Líder do Grupo de Pesquisa sobre o Ensino de Filosofia/Educação Filosófica certificado pela UFPR e credenciado no CNPq (desde outubro de 2009).

Referências

DUARTE, N. Educação escolar, teoria do cotidiano e a escola de Vigotski.
Campinas: Autores Associados, 2001.
GRAMSCI, A. Americanismo e fordismo. In: Cadernos do cárcere. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, p.239-282, Caderno 22, v.4, 2001.
______. Concepção dialética da história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1987.
GRANJO, M. H. B. Ágnes Heller; filosofia, moral e educação. Petrópolis:
Vozes, 1996.
HELLER, A. O cotidiano e a história. São Paulo: Paz e Terra, 1985.
______. A filosofia radical. São Paulo: Brasiliense, 1983.
HOSTINS, R. C. L. O ensino superior na sociedade do capital virtualizado e da
individualização social pós-moderna: implicações para a produção e difusão
do conhecimento em educação. In: Práxis Educativa. Ponta Grossa, v.5, n.1,
p. 89-96, jan.-jun. 2010. Disponível em http://www.periodicos.uepg.br. Acesso
em: 15/01/2014.
LESSA, S. Trabalho e ser social. São Paulo: Cortez, 2003.
______. Lukács: porque uma ontologia no século XX? In: Boito, A., Toledo,
C. A obra teórica de Marx: atualidade, problemas e interpretações, pp. 159-
171. Ed. Xamã, São Paulo, 2000. Disponível em: http://www.sergiolessa.com/
Cap_de_livros/Pq_Onto_secXX.pdf. Acesso em: 20/02/2014.
______. Lukács, ontologia e método: em busca de um(a) pesquisador(a)
interessado(a). In: Revista Praia Vermelha - Pós-graduação em Serviço Social,
vol.1, n. 2, pp. 141-173, Rio de Janeiro, 1999. Disponível em: http://www.
sergiolessa.com/artigos_97_01/metodo_ontologia_1999.pdf. Acesso em:
20/02/2014.
LUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo, 2010.
______. Prolegômenos para uma ontologia do ser social. São Paulo: Boitempo,
2010. ______. Ontologia do ser social: os princípios ontológicos fundamentais de
Marx. São Paulo: Editora Ciências Humanas, 1972.
MORAES, M. C. M de. A teoria tem consequências: indagações sobre o
conhecimento no campo da educação. In: Educação e Sociedade, Campinas,
vol. 30, n. 107, p. 585-607, maio/ago, 2009.
Disponível em http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 15/01/2014.
MARX, K. Manuscritos econômicos-filosóficos. In: Col. Os Pensadores, Vol.
XXXV. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
NOSELLA, P. A escola de Gramsci. 3ª ed. rev. ampl. São Paulo: Cortez,
2004.
RUIZ, E. M. Freud no “divã” do cárcere: Gramsci analisa a psicanálise.
Campinas, SP: Autores Associados, 1998.
SCHLESENER, A. H. Hegemonia e cultura: Gramsci. Curitiba: Ed. UFPR,
2007.
TORRIGLIA, P. L. e DUARTE, N. A ciência e a produção de conhecimento na
pesquisa educacional: contribuições de Maria Célia Marcondes de Moraes.
In: Perspectiva, Florianópolis, v. 27, n. 2, 347-374, jul./dez. 2009. Disponível
em: http://www.perspectiva.ufsc.br/perspectiva_2009_02/PDFs_27_2/Patricia.
pdf. Acesso em: 15/01/2014.
Publicado
2017-06-07
Como Citar
ARIAS, V.; HORN, G. Educação Filosófica: Entre a Redução às Metodologias Procedimentais, os Limites da Institucionalização e a Razão Instituinte. CADERNOS DE PESQUISA: PENSAMENTO EDUCACIONAL, v. 10, n. 24, p. 149-167, 7 jun. 2017.