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Entre plataformas e cidades: consumo e apropriação de territórios mediados por redes digitais de hospedagem colaborativa
Between platforms and cities: consumption and territories appropriation mediated by digital networks of collaborative hosting
Thaís Costa da Silva
Doutoranda em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: thais_unirio@yahoo.com.br
Erica Oliveira Fortuna
Doutoranda em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: erica.fortuna@gmail.com
Vinícius Andrade Pereira
Professor da Faculdade de Comunicação Social e Professor e Vice-coordenador do Programa de Pós Graduação em Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Doutor em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Brasil. Pós-doutorado pelo The Brown Institute for Media Innovation, Escola de Jornalismo da Universidade Columbia, NYC, Estados Unidos. E-mail: vinianp@gmail.com
Resumo:
O artigo busca investigar de que forma as narrativas reproduzidas nas redes digitais online que promovem hospedagem colaborativa podem influenciar e modular diferentes apropriações e consumos das cidades, a partir dos deslocamentos e das práticas de lazer exercidas pelos viajantes que as integram. Para tal estudo serão analisadas experiências de usuários dessas plataformas e discursos apresentados online, dados colhidos por meio de entrevistas e de observação participante. Entendendo o caráter multiterritorial dessas práticas (HAESBAERT, 2005), intenta- se estabelecer conexões entre o que é dialogado nas redes digitais e os usos das cidades no momento das viagens. Nosso recorte recobre textos e imagens publicados nessas plataformas.
Palavras- chave:
Cidades; Lazer; Plataformas digitais; Hospedagem colaborativa.
Abstract:
This paper aims to explore how the online digital networks mediation processes that promote collaborative hosting influence in different appropriations and consumption of the cities through many displacements and leisure made by their travelers. It will be analyzed the users' experiences within these platforms and the online speeches. Understanding the multi-territorial nature of these practices (HAESBAERT, 2005), it attempts to establish connections between what is discussed in digital networks and the uses of the cities at the time of travel. This snippet includes texts and images that were published on these platforms, as well as interviews with users.
INTERIN, v. 24, n. 1, jan./jun. 2019. ISSN: 1980- 5276.
Thaís Costa da Silva; Erica Oliveira Fortuna; Vinícius Andrade Pereira. Entre plataformas e cidades: consumo e apropriação de territórios mediados por redes digitais de hospedagem colaborativa. p. 226-241 .

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Keywords :
Cities; Leisure; Digital platforms; Collaborative hosting.
1 Introdução
Pensar a cidade é, sobretudo, atentar-se a quem dá vida aos seus espaços. Seus atores, com movimentos e ações distintas, em essência, caracterizam e revelam o tecido urbano, dando sentido às suas estruturas. É com o seu uso e com os contatos provocados por ele que se constroem as relações sociais, promove-se a confiança nas ruas e são instituídas pequenas mudanças nessa cidade (JACOBS, 2009).
Mas as apropriações dos diferentes espaços são também diversas, formam-se a partir das múltiplas experiências de quem os habitam. Sejam moradores ou visitantes, os indivíduos que utilizam as cidades se associam a ela de modo a ressignificá- la constantemente. E as aproximações ocorrem também em virtude da identificação dessas pessoas com os espaços e com as outras pessoas que estão neles, podendo gerar um sentimento de pertencimento.
De certo que cada turista tem seu olhar baseado na diferença, como defende Urry (2001), variando conforme suas experiências sociais e o contexto his tórico. Assim, cada um vê e experimenta a cidade à sua maneira. Contudo, além dessa questão, em alguns casos, esses olhares podem ser também influenciados ou dirigidos por discursos variados, tanto antes do início dessa viagem, quanto durante e após. Neste sentido, é possível pensar não somente o olhar do turista, como também seus modos de ocupar esses espaços e suas relações estabelecidas com eles em consonância com diversos agentes mediadores.
Dentre as inúmeras formas de contato entre pessoas e espaços, há o movimento de indivíduos receberem e acolherem visitantes em suas casas. Um ato de hospitalidade, que Camargo (2008) considera como um fato social e que envolve pessoas e espaços. E neste caso, há uma substancialização das relações entre o público e o privado ao estabelecer conexões entre o espaço íntimo do morador com os modos de apropriação das cidades por parte dos visitantes. Hospedar-se em uma residência pode resultar em percepções sobre as cidades bastante distintas de quem se hospeda
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em um hotel, por exemplo. Assim como a hospitalidade urbana se institui pela dádiva e também pelo negócio, implicando em relações comerciais.
Este entendimento da hospitalidade substantiva como um fato social, de acordo com Camargo (2008, p. 19), indica um “encontro de alguém que recebe (anfitrião) e alguém que é recebido (hóspede) e a ética implícita”, num modelo ancestral de trocas balizado no sistema da dádiva, estudado por Marcel Mauss, em que impera a tríade dar, receber e retribuir. Deste modo, são seguidos rituais que intentam organizar os movimentos de idas e vindas dos indivíduos nesses diferentes espaços, desde a casa à cidade.
E este encontro, que tangibiliza a hospitalidade, é característica fundamental do turismo, fenômeno moderno que em muito se desenvolveu com o crescimento das cidades. As práticas de acolhimento de visitantes em residências em muito se fortalecerem, consequentemente, com a evolução das tecnologias da comunicação e informação, em especial, com a criação e proliferação de plataformas digitais na internet (DREDGE & GYIMOTHY, 2017), que se configuraram como principais espaços de interação desse sistema de trocas na contemporaneidade. Esses suportes midiáticos atuam como mediadores dos processos de negociação entre anfitriões e visitantes, além de oferecer uma série de informações sobre viagens e especificamente sobre os destinos.
Ao dialogar sobre essas relações entre as diferentes formas de estar nos destinos turísticos e a participação dos viajantes em redes de hospedagem colaborativa mediada por plataformas digitais, este artigo tenta investigar de que forma as narrativas reproduzidas nas redes digitais online que promovem hospedagem colaborativa podem influenciar e modular diferentes apropriações e consumos das cidades, a partir dos deslocamentos e das práticas de lazer exercidas pelos viajantes que as integram.
O trabalho parte de uma revisão bibliográfica como suporte teórico sobre os temas correlatos à pesquisa, como cidades, lazer e mediação. Os dados analisados serão relacionados ao material empírico coletado a partir de entrevistas semiestruturadas e gravadas com usuários de plataformas digitais de hospedagem
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colaborativa (Airbnb, Couchsurfing, Warmshowers)1, e observação participante nos grupos do Facebook Couchsurfing das mina e Couchsurfing das Pretas .
Perceber essas relações é refletir sobre a cidade para além de suas delimitações físicas, considerando alguns dos inúmeros fatores externos que as compõem e transformam continuamente. Partindo da ideia de que as práticas colaborativas possuem um caráter multiterritorial (HAESBAERT, 2005), em que os viajantes transitam e ocupam territórios distintos, online e offline, é fundamental considerar as variadas formas de usufruto do lazer e consumo das cidades que podem se construir a partir das interações dessas redes e das mobilidades intrínsecas a essas experiências.
2 Discursos norteadores nas redes e a dicotomia viajante x turista
Com o crescente uso de tecnologias da comunicação e informação, os modos de viajar contemporâneos extrapolam os pacotes de viagem oferecidos pelas agências tradicionais, com opções reduzidas de hotéis e roteiros que incluem atrativos turísticos já consolidados. A atividade turística em muito se desenvolveu e se complexificou com a variedade e a personalização da oferta de bens e serviços e com a diversificação da demanda. A facilidade encontrada com os suportes tecnológicos no processo de distribuição no mercado de turismo contribuiu para um aumento do número de agências de viagem online e de plataformas que são utilizadas diretamente pelos viajantes, que possuem mais autonomia para planejar suas viagens e contratar diferentes serviços.
No setor de hospedagem, intensificaram-se também algumas redes que preconizam o viés colaborativo, com o acolhimento de viajantes em residências com ou sem valor monetário incluído na negociação. Algumas dessas plataformas se transformaram em grandes mídias sociais, que promovem a interação entre os participantes das determinadas redes e oferecem outros serviços inseridos na noção de experiência.
Como exemplo há a Airbnb, que se transformou na maior rede de hospedagem do mundo, segundo relatório da agência de pesquisa hoteleira STR divulgado em
1 Os nomes dos entrevistados foram alterados com o intuito de manter a privacidade dos mesmos. INTERIN, v. 24, n. 1, jan./jun. 2019. ISSN: 1980- 5276.
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reportagem do site Panrotas Corporativo2, mesmo sem ser proprietária das acomodações. A empresa desenvolve seus negócios a partir de uma lógica de explorar os destinos como um local, fazendo dela seu lema. Além de serviços de hos pedagem em residências, ela oferece a comercialização de experiências de viagem, que são, em geral, atividades de lazer, incluindo cursos, caminhadas, degustação de pratos, dentre outras, realizadas com moradores do destino turístico escolhido pelo viajante. Ela se coloca como intermediária de negociações entre anfitriões e hóspedes.
Dentro dessa perspectiva, a Airbnb busca se afastar do termo turista, como uma posição contrária à ideia de explorador, reforçada por eles (Figura 1). Há uma denotação, assim, de uma dicotomia entre ser turista, pressupondo uma relação com o destino mais superficial, e ser explorador, vivenciando a cultura local de modo imersivo, como deixa explícita a frase explicativa da campanha. “Mergulhe na cultura dos lugares com as experiências do Airbnb ”.

Fig. 1 – Campanha Airbnb
Fonte: Elaboração própria a partir do aplicativo para dispositivos móveis Airbnb .
A plataforma Couchsurfing também se trata de um espaço colaborativo, em que se apresenta como mediadora entre anfitriões e hóspedes em residências nos mais diversos locais do mundo. Contudo, as negociações realizadas não envolvem valores monetários: a hospedagem se concretiza com base em um intercâmbio cultural. O lema da rede em muito se assemelha ao defendido pela empresa Airbnb. As palavras turista e turismo não são utilizadas: destacam-se as palavras viajante e moradores locais (Figura 2). Na frase explicativa do site é referenciado o caráter autêntico que essas
2 Panrotas Corporativo. Os números de Airbnb e dos hotéis pelo mundo; veja estudo. Disponível em: <https://goo.gl/ekgXRe>. Acesso em: 30 jul. 2018.
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experiências de viagem pressupõem: “Compartilhe experiências autênticas de viagem”.

Fig. 2 – Lema Couchsurfing
Fonte: Elaboração própria a partir do siteCouchsurfing.com3 .
A rede foi construída a partir de ideais que constroem o chamado espírito Couchsurfing, que pressupõe uma motivação por um intercâmbio cultural aliado a um estilo de vida colaborativo, valorizando a coletividade e a interação entre visitantes e visitados. Rafael é um dos brasileiros integrantes da plataforma desde seu início e adepto a práticas colaborativas em viagens, características que motivaram a escolha dele como um dos interlocutores dessa pesquisa. Em entrevista realizada por Skype de sua residência em Aracaju, ele explica que essas práticas vão além do simples fato de se hospedar como forma de economizar, que é preciso se envolver com o espírito Couchsurfing .
Ele informa que, inicialmente, a plataforma se mantinha ativa fundamentalmente pelo trabalho coletivo dos próprios membros da rede, que se voluntariavam para inserir as informações e controlar as atividades, prezando por estes ideais. Mas, segundo Rafael, com o crescimento e mudança no formato de gestão da plataforma, muitas pessoas que não se alinhavam a essas convicções, de certa forma, foram transformando as características da rede. Por isso, ele ficou menos ativo nesta plataforma e começou a buscar outras que satisfizessem mais seus interesses, como o grupo focado em cicloturismo, Warmshowers .
3 Disponível em: <https://goo.gl/BH1mw2>. Acesso em: 10 jul. 2018.
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Acho que atualmente o site está mais comercial e tem muita gente que tá lá ou para pegação ou para conseguir uma hospedagem na faixa, mas sem muito envolvimento com o “Espirito do CS”. Os últimos requests [solicitações de hospedagem] que recebi demonstravam muito isso, pessoas solicitando hospedagem como se nossa casa fosse uma hospedaria filantrópica [risos]. Acredito que ainda tenha muita gente bacana participando, mas demanda esforço para encontrá-las. [...] Eles começaram a divulgar nas mídias o CS e isso trouxe muita gente que não entende por completo a dinâmica do antigo serviço que ele fazia, sem falar nos anúncios (informação verbal4 ).
Outras redes colaborativas de hospedagem de menor abrangência, ainda que não se pautem na contraposição turista x viajante ou explorador, apresentam discursos que indicam uma valorização a uma interação maior com a cultura local a partir da aproximação mais efetiva com o morador ao se hospedar na casa dele e compartilhar outras experiências de viagem com quem já vive nela.
Nicole viaja com assiduidade, gerencia uma agência de viagens e mantém um estilo de vida que se pauta em várias práticas colaborativas. Ela participa de um grupo no Facebook intitulado Couchsurfing das mina, inspirado na rede Couchsurfing , porém restrito a mulheres cis e transgênero. Seu perfil foi localizado a partir de sua resposta a uma solicitação publicada no grupo para esta pesquisa sobre usuários da rede que se mantivessem mais participativos e que se propusessem em contribuir contando suas experiências. A entrevista foi, então, realizada pessoalmente no Rio de Janeiro. Assim como Rafael, ela comenta que muitas das integrantes não seguem o espírito CS que é tão importante para ela. Por isso, participantes que prezam por essas práticas mantêm o hábito de reforçar algumas das condutas esperadas de um viajante colaborativo.
Quando você vai pedir um lugar pra ficar é muito chato quando você fala: Ah, eu não quero incomodar, eu vou só pra (sic) dormir, tomar um banho
e vou embora. Não é esse o objetivo. (..,) Tem vezes que a gente lê e explica pra pessoa e fala: Olha, o Couchsurfing não é isso. Eu tenho uma amiga, por exemplo, que é superfirme nisso, de sempre estar explicando pra todas as pessoas. Porque, realmente, nem todo mundo entende. Então tem várias
pessoas que fazem isso por questão de informacão, justamente por essa troca. Porque nem tudo tem que ter um retorno. Você pode ajudar outra pessoa sem esperar nada. E isso a gente aprende viajando. [...] Que bom
4 Entrevista concedida por OLIVEIRA, Rafael de. Entrevista I. [jan. 2017]. Entrevistadora: Thaís Costa. Rio de Janeiro, 2017. 1 arquivo .mp4 (35 min.).
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que a gente pode ajudar alguém a entender a filosofia do Couchsurfing, a poder viver isso, a se hospedar e receber (informação verbal5 ).
A prática do Couchsurfing envolve, então, um acolhimento que ultrapassa as questões econômicas, que para Nicole também são bem importantes, mas se aliam a outras qualidades, incluindo conversas sobre assuntos pessoais e caronas. “É uma t roca muito grande. Nem sempre é com dinheiro, com comida ou com hospedagem. É cultural mesmo, é bem legal, é bem intenso” (informação verbal6 ).
Esses discursos aproximam os visitantes não somente dos anfitriões, mas também dos próprios espaços onde essas relações se constituem. Evocam, assim, uma apropriação mais consciente das cidades e procuram envolver ao máximo os participantes para que eles também aspirem por esses princípios. O termo turista, que tanto vem sendo desprezado, é associado ao turismo de massa e ao consumo dos pacotes de viagem, em que as visitas são realizadas de forma mais distanciada da cultura local e, em geral, envolvem um grande quantitativo de pessoas. Augé (2010) associa o trabalho da agência turística a um inventário desordenado, onde a diversidade espacial, que envolve as paisagens em imagens como produtos, absorve a diversidade temporal. É como um “canteiro sem projeto, daí a ausência de toda a ideia de exploração espacial ou temporal: não importa o quê, mas imediatamente” (AUGÉ, 2010, p. 71).
Em uma sociedade de mobilidades sobremodernas, como o autor denomina, de superabundância de causas, a partir da comunicação instantânea, da circulação de produtos, informações e imagens, há também um movimento que busca se afastar dessa lógica, a princípio. Assim, os chamados viajantes visam não somente a passar pelos destinos turísticos, como vivenciá-los. Não estão interessados em visitar esses locais, mas morar por um tempo prédeterminado. E isso implica se comportar o mais semelhante possível a um morador.
Segundo Lipovetsky (2007), essas novas formas de consumo responsável que emergem são seguidas por uma recusa a um consumismo sem consciência, que se
5 Entrevista concedida por SILVA, Nicole. Entrevista II. [jul. 2017]. Entrevistadora: Thaís Costa. Rio de Janeiro, 2017. 1 arquivo .mp4 (42 min.).
6 Entrevista concedida por SILVA, Nicole. Entrevista II. [jul. 2017]. Entrevistadora: Thaís Costa. Rio de Janeiro, 2017. 1 arquivo .mp4 (42 min.).
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inclui na fase do capitalismo que ele denomina de sociedade do hiperconsumo. A ess e propósito está o ato de consumir com mais qualidade e com buscas qualitativas. Recai - se, assim, sobre um paradoxo entre uma autonomia subjetiva, em que o consumidor se responsabiliza por suas escolhas e uma indução pelo que as marcas, e até mesmo os meios, provocam nesses comportamentos (LIPOVETSKY, 2007).
Ao mesmo tempo em que o viajante se mune de consciência sobre o seu consumo, decidindo sobre diversos produtos e serviços, há também uma modulação realizada pelas mídias que ele utiliza sobre essas mesmas escolhas. Longe da imagem de total alienação desse consumidor, o viajante reflete sobre suas formas de viajar, integra-se às redes às quais ele mais se identifica e as transforma constantemente, demonstrando seus movimentos astuciosos, que Certeau (2007) ressalta como sendo atividades táticas racionalizadas e circunscritas.
Porém, o uso dessas plataformas também os aproxima de narrativas que contribuem para construir modos de apropriação das cidades bem característicos. Elas compõem os protocolos e diretrizes do funcionamento dessas redes. Para Silveira (2011), essas são estruturas típicas da internet, que se balizam em regras rígidas para estabelecer as comunicações e que são munidas de dispositivos distribuídos de acompanhamento e modulação de comportamentos. Assim, os mecanismos biopolíticos contemporâneos promovem uma liberdade modulada dos indivíduos.
O viajante deve, então, se ater aos regulamentos do grupo, que são divulgados no momento de sua adesão à rede mas podem mudar posteriormente, para conti nuar usufruindo das interações que se desenvolvem nestes ambientes. O comportamento esperado extrapola as delimitações espaciais e temporais das plataformas, sendo também requerido no momento da viagem, a partir das relações entre anfitriões, visitantes e cidade. Além das influências que outras plataformas e redes relacionadas aos grupos exercem sobre as suas interações.
O trânsito ou a sobreposição de territórios em que os usuários dessas plataformas estão dispostos configuram um território-rede, que “resulta da conjugação, em outra escala, de territórios-zona, descontínuos” (HAESBAERT, 2005, p. 6785). As mobilidades construídas revelam, deste modo, o caráter multiterritorial desses indivíduos, fundado em valores de troca, na apropriação e na simbologia de diferentes territórios. Os usos que os viajantes fazem das cidades se associam com as interações
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que já são realizadas antes mesmo da chegada deles ao destino, usos estes que nem sempre seguem princípios sustentáveis e de responsabilidade socioambiental e econômica, contrariando alguns dos discursos reproduzidos nas redes.
3 Usos das cidades construídos e mediados
Ainda que as narrativas difundidas nas plataformas de hospedagem colaborativa não reflitam necessariamente no comportamento e nas práticas desses viajantes nas localidades turísticas, as relações deles com as cidades sofrem significativas influências dos diálogos e envolvimento no ambiente online. E essas aproximações ocorrem nos variados momentos de lazer que constituem essas viagens, imbuídas no consumo de bens e serviços turísticos, nas interlocuções múltiplas com moradores e outros viajantes ou em uma simples caminhada pela cidade. O caminhar torna prática a cidade-simulacro, ressignificando- a.
E se, de um lado, ele torna efetivas algumas somente das possibilidades fixadas pela ordem construída (vai somente por aqui, mas não por lá), do outro aumenta o número dos possíveis (por exemplo, criando atalhos ou desvios) e dos interditos (por exemplo, ele se proíbe de ir por caminhos considerados lícitos ou obrigatórios) (CERTEAU, 2007, p. 178).
São percursos que se constroem coletivamente a partir de um imaginário da localidade que se forma com uma série de elementos dispostos, especialmente, nas plataformas e em diversas outras mídias, às quais os viajantes têm acesso. E também se vinculam aos discursos norteadores transmitidos por esses canais e compartilhados pelos atores das redes. Ao querer se distanciar da figura de turista, o viajante privilegia experiências oferecidas pelos moradores, acreditando poder circular em ambientes não turísticos, em lugares mais autênticos. Assim, busca caminhos distintos dos tradicionalmente divulgados aos turistas.
Caminhos que incluem, em grande parte, os múltiplos espaços de lazer, qualificados como espaços “de encontro, de convívio, do encontro com o ‘novo’ e com o diferente, lugar de práticas culturais, de criação, de transformação e de vivências diversas, no que diz respeito a valores, conhecimentos e experiências” (PELLEGRIN, 2004, p. 74).
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Ao se inserirem em estruturas organizadas das cidades, se constroem a partir de relações sociais, políticas e econômicas. Cada um deles “é determinado pelas características da população que o utiliza, pelo modo de vida dos diferentes meios sociais que o frequentam” (DUMAZEDIER, 2008, p. 169). Neste sentido, a escolha sobre quais espaços ocupar e quais usos fazer deles pode ser entendida também como um ato político que se relaciona às experiências próprias dos indivíduos e suas interações com grupos sociais variados.
As dicas de viagem compartilhadas pelos integrantes das redes também contribuem para modular essas caminhadas e se fortalecem a partir de uma relação de confiança. Ainda que os lugares sugeridos façam parte dos roteiros turísticos mais tradicionais, muitos participantes preferem seguir as recomendações dispostas nessas redes por uma questão de identificação de perfil e estilos de vida. A construção dos roteiros ocorre de maneira coletiva: muitos participantes solicitam dicas, mudam percursos e adicionam atrativos em função do que é comentado e sugerido nas publicações (Figura 3).

Fig. 3 – Pedido de ajuda para elaboração de roteiro
Fonte: Elaboração própria a partir do grupo do Facebook Couchsurfing das mina7 .
7 Disponível em: <https://goo.gl/wfQmHR>. Acesso em: 10 jul. 2017.
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Maria participa do grupo Couchsurfing das mina e, assim como Nicole, foi escolhida como interlocutora a partir de sua resposta à publicação na rede sobre essa pesquisa. Aentrevista foi realizada pessoalmente no Rio de Janeiro. Apesar de também recorrer a sites institucionais de destinos turísticos para planejar suas viagens, Maria alega preferir que a maior parte das informações em que ela se baseia seja do grupo. “Eu acho que é mais seguro. É um monte de pessoas que tem, mais ou menos, os mesmos objetivos numa viagem. Eu me baseio muito, influencia pra onde que eu vou, onde vou ficar” (informação verbal8). Nicole, por sua vez, somente segue as dicas de redes colaborativas de viagem, em especial o Couchsurfing, o Facebook, incluindo o grupo Couchsurfing das mina, e o TripAdvisor9, pois acredita muito mais nesse sistema de avaliações de viajantes que em sites institucionais.
Essas informações são disponibilizadas nas plataformas de maneiras distintas, por meio de fóruns, linhas do tempo e mensagens diretas entre os perfis, por exemplo. Tratam-se de relatos de viagem, baseados nas experiências dos que já visitaram determinadas localidades. E são esses relatos que Certeau (2007) identifica como práticas do espaço, que estruturam a caminhada, o tecido narrativo descreve itinerários e percursos. Eles vão além das dicas de onde passear ou se hospedar, envolvem aspectos sobre os deslocamentos de maneira geral, ressaltando mobilidades e imobilidades que se desdobram de acordo com o perfil deste caminhante, incluindo suas características físicas e socioeconômicas.
“Até mesmo por questões de identificação e de empatia”, diz Nayara, integrante de grupo do Facebook intitulado Couchsurfing das Pretas. Ela não é uma viajante frequente, mas conheceu esse tipo de prática colaborativa a partir do convite recebido para entrar neste grupo. A escolha dela como interlocutora ocorreu devido a uma publicação feita por ela no grupo agradecendo e contando mais de sua primeira experiência como hóspede por uma das integrantes da rede, ressaltando aspectos identitários importantes para o seu acolhimento na cidade. Ocontato foi realizado pelo próprio grupo e a entrevista ocorreu pessoalmente no Rio de Janeiro.
8 Entrevista concedida por SANTOS, Maria. Entrevista III. [jul. 2017]. Entrevistadora: Thaís Costa. Rio de Janeiro, 2017. 1 arquivo .mp4 (28 min.).
9 TripAdvisor. Disponível em: <https://goo.gl/wnN4QL>. Acesso em: 10 jul. 2017.
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E foi por se reconhecer em sua anfitriã que ela conseguiu estabelecer uma relação de confiança e se sentiu mais segura ao viajar sozinha do Rio de Janeiro a São Paulo. O grupo mantém um recorte de gênero e raça, conforme o nome sugere, a fim de fortalecer a rede de mulheres negras pelo mundo. Por isso, Nayara se interessou em participar.
Ela comenta que, ao fazer o pedido na página do grupo, uma das integrantes da rede ofereceu sua residência para recebê-la durante duas noites. Em suas conversas, Nayara fez diversas perguntas sobre a cidade, sobre os modos de locomoção e sobre segurança. “Por exemplo, quando eu perguntei a ela, quando eu sabia que ia chegar tarde da noite, ela enquanto uma outra mulher negra, saberia me orientar bem sobre os riscos ou não de chegar na casa dela” (informação verbal10 ).
Nayara se envolveu com São Paulo ainda enquanto estava no Rio de Janeiro, por meio de suas conversas com a anfitriã. Seu perfil e sua interação com uma moradora a fizeram estabelecer uma relação particular com a cidade. Além de propiciar uma economia nos gastos da viagem, o grupo a possibilitou viajar com maior sensação de segurança e com mais informações sobre o destino, possibilitando percorrer espaços antes não imaginados e entender melhor sobre a rotina e hospitalidade da cidade para moldar suas próprias ações e, talvez até seu comportamento, perante eventuais situações. “A regra da cidade é o anonimato travestido de regras da urbanidade, que, no fundo, é a hospitalidade ensaiada. As pessoas habituam-se ao anonimato e a urbanidade ensina gestos tanto de aceitação como de recusa do contato” (CAMARGO, 2015, p. 44).
A preocupação com questões identitárias também está no depoimento de Camila, criadora e moderadora do grupo Couchsurfing das Pretas, participante de outras redes colaborativas e que, como Nayara, prioriza aspectos identitários ao se hospedar em residências de desconhecidos. Essas características foram consideradas para localizá-la como interlocutora. Por morar em Campinas, a entrevista foi realizada por Skype .
10 Entrevista concedida por GONÇALVES, Nayara. Entrevista IV. [abr. 2018]. Entrevistadora: Thaís Costa. Rio de Janeiro, 2018. 1 arquivo .mp4 (36 min.).
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Ela comenta que prefere ficar em casas de pessoas negras como ela, que a levam a lugares frequentados por negros. Ao se hospedar em residências de brancos nas diversas vezes em que utilizou a rede Couchsurfing, ela alega ter se sentido bastante desconfortável, pois em muitos os casos eles a levavam para lugares onde somente havia pessoas brancas.
A criação do grupo possibilitou encontrar com maior facilidade pessoas como ela, que podem facilitar o acesso a lugares outros, que possam estimular uma sensação de pertencimento à cidade, a partir de elementos identitários que perpassam questões locais. Criam-se caminhos e constroem-se mobilidades para quem, em muitos casos, a cidade dificulta e cerceia deslocamentos, seja por questões de segurança, de aceitação ou por fatores culturais.
Esse tipo de relação é característico de um novo espírito do capitalismo, conforme Boltanski e Chiapello (2009) sugerem. Nessa fase, o capitalismo se estrutura por meio de uma sociedade que se organiza em redes, mantém relativa autonomia nas relações de trabalho e moldam as cidades a partir de uma perspectiva de projetos. Assim, o projeto :
[...] reúne temporariamente pessoas muito diferentes e apresenta-se como um segmento de rede fortemente ativado durante um período relativamente curto, mas que permite criar laços mais duradouros, que permanecerão adormecidos, mas sempre disponíveis (Boltanski e Chiapello, 2009, p. 135).
Nas cidades por projeto, os produtos e serviços turísticos, dentre eles os espaços de lazer, são transformados pelas relações. E as comunicações que promovem essas relações são realizadas por pequenos grupos, criando elos com pessoas específicas com base em determinados interesses. Essas características, presentes nas redes colaborativas e nas apropriações das cidades pelos viajantes, destoam-se da lógica fordista e industrial e se aproximam da estrutura flexível e dinâmica inerente ao capitalismo informacional, conforme Boltanski e Chiapello (2009) defendem.
Nesses grupos nem todos viajam da mesma maneira, nem todos valorizam o chamado espírito CS. O desejo pelas trocas culturais, pela apropriação das cidades de modo responsável e consciente, restringe-se a uma parte dessas redes, aos integrantes mais ativos e mais envolvidos com os princípios traçados. Muitos, por outro lado, buscam somente economizar ao hospedar-se gratuitamente ou com um baixo custo.
INTERIN, v. 24, n. 1, jan./jun. 2019. ISSN: 1980- 5276.
Thaís Costa da Silva; Erica Oliveira Fortuna; Vinícius Andrade Pereira. Entre plataformas e cidades: consumo e apropriação de territórios mediados por redes digitais de hospedagem colaborativa. p. 226-241 .

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Contudo, as narrativas constantemente reproduzidas nessas plataformas em torno desses valores contribuem para uma mudança de comportamento dos participantes que não estão ainda tão envolvidos com os ideais colaborativos.
4 Considerações Finais
A cidade é um fenômeno complexo e multifacetado, que no contexto de um novo espírito capitalista (BOLTANSKI e CHIAPELLO, 2009), constitui-se de conexões organizadas de modo reticular. Os sujeitos estão permanentemente em movimento. Estar em determinados espaços não elimina as distâncias geradas pelos significados construídos em certas áreas da cidade. Por sua vez, o ambiente em rede (online) promove outros saberes e práticas. Neste artigo, discutimos as interações em torno da hospedagem colaborativa que contribuem em grande escala para diferentes apropriações na cidade. As experiências dos usuários online e offline conferem sentidos que são reproduzidos em discursos que, por sua vez, influenciam novas pessoas. São mobilidades intrínsecas à própria experiência que reverberam no tempo e no espaço.
Os fenômenos comunicacionais dão a ver novas formas de experienciar o turismo e vivenciar a cidade. Seja pela procura de ambientes que se aproximam mais com os seus próprios gostos, como no grupo de cicloturismo Warmshowers ou por dicas de quem tem as mesmas expectativas e preocupações, como no Couchsurfing das mina e Couchsurfing das Pretas, as novas formas de hospedagem colaborativa fazem parte de uma realidade que traz novos usos – e consequentemente – novas significações para a cidade. Por essa razão, “para compreender as cidades, precisamos admitir de imediato, como fenômeno fundamental, as combinações ou as misturas de usos, não os usos separados” (JACOBS, 2009, p. 103).
REFERÊNCIAS
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Recebido em: 30.09. 2018
Aceito em: 20.11. 2018
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